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sábado, 8 de outubro de 2011

Os Samurais


Os Samurais

Os samurais existiram durante o período feudal da história do Japão. Para melhor entendimento, começaremos por dar uma breve introdução sobre realidade da época.
A economia do Japão feudal era baseada na agricultura, em especial na plantação de arroz. A população era dividida na classe dos camponeses, comerciantes, bushi (guerreiros) e goushi (entre bushi e camponeses). O governo era dividido da seguinte forma: o ditador, ou xogun, detinha todo o poder político. Atrás dele, estavam os daimyô, ou senhores feudais. Os daimyo detinham um grande pedaço de terras, que eram trabalhadas por camponeses, a maior parte da população. Os daimyo possuíam um nome de tradição, eram como um clã, uma casa guerreira. Não havia votações e, por causa disso, a liderança do país era conquistada "à força".
Os daimyo se uniam e lutavam pelo poder. Por causa disso, o Japão feudal vivia sob o fogo de constantes guerras civis.
O sistema de feudos hereditários só terminou na era Meiji (1868-1912). A classe dos samurais foi abolida, realizou-se a reforma agrária e o Japão se abriu ao mundo desejando adotar as técnicas da revolução industrial que fariam dele uma grande potência econômica.


Os samurais eram os guerreiros do antigo Japão feudal. Existiram desde meados do século X até a era Meiji no século XIX. O nome "samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Pertenciam à classe dos bushi (ou guerreiros). Eram contratados pelos daimyo (ou senhores feudais) e em troca de um pagamento, geralmente concebido em litros de arroz, numa medida denominada koku. Eram chamados de Ronin os samurais que ainda não tinham um senhor para servir, ou quando seus senhores morriam ou destituíam-se do cargo. A palavra ronin em japonês significa "aquele que vaga", pois que, vagavam pelo Japão em busca de comida e de fama, procurando lugares onde havia uma casa famosa de artes marciais e desafiavam seu líder, para chamar a atenção de algum senhor. Ao ganhar o duelo o samurais começava a ganhar fama pelo pais.
Inicialmente, os samurais eram apenas coletores de impostos do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses. Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo "samurai" e este ganhou uma série de novas funções, como a militar.
Qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se nas artes marciais, manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Apesar disso, mulheres samurai eram raras.
Após tornar-se um samurai, o cidadão e sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além disso, os samurais carregavam consigo um par de espadas à cintura, denominado daisho, que era como um símbolo samurai. Era composto por uma espada pequena (wakisashi) de aproximadamente 40 cm e uma grande (katana), de 60 cm. Além dessa armas, alguns usavam arcos, bastões ou outras armas mais exóticas.
            Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito denominado bushidô (caminho do guerreiro). Não podiam demonstrar medo ou covardia. Havia uma crença entre os samurais: a de que a vida é limitada, mas o nome e a honra duram para sempre. Por causa disso esses guerreiros prezavam a honra e o nome dos seus ancestrais acima de tudo, até da própria vida. A morte, para o samurai, era um meio de perpetuar a sua existência. Essa filosofia, de tornar a morte uma coisa banal, aumentava a não-hesitação em campos de batalha, o que veio a tornar o samurai, segundo alguns estudiosos, o mais letal de todos os guerreiros da antiguidade.
Guerreiros de todas as culturas são treinados para demonstrar coragem diante da morte. O que tornou os samurais únicos é que eles freqüentemente escolhiam morrer. Se derrotados em batalha, ou desgraçados por outra falha, a honra exigia o suicídio, num ritual denominado haraquiri ou seppuku. Mas a morte não podia ser rápida ou indolor. O samurai fincava a sua espada pequena no lado esquerdo do abdômen cortando a região central do corpo e terminava por puxar a lâmina para cima, o que provocava uma morte lenta e dolorosa que podia levar horas ou até dias. Ao lado do suicida ficava um amigo, que portava uma espada. Se o samurai demonstrava que não estava mais suportando a dor, o seu amigo fazia-lhe um corte em seu pescoço de modo a deixar sua cabeça pendendo, para que este morresse de vez. Geralmente o ritual também era assistido por familiares.

A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acompanhada de decapitação. Por causa disso, os samurais perfumavam seus elmos com incenso antes de partirem para a guerra, para que isso agradasse o eventual vencedor. A cabeça do derrotado era como um troféu, uma prova de que ele realmente fora vencido. Samurais que matavam grandes generais eram recompensados pelos daimyo, que lhe davam terras e privilégios.
Ao tomar conhecimento desses fatos, os ocidentais geralmente avaliam os samurais apenas como guerreiros rudes e de hábitos grosseiros, o que não é verdade. Os samurais
virtuosos sabiam amar tanto as artes como a esgrima. Eles sabiam ler escrever, e muitos eram cultos. Muitos faziam poemas, pintavam e esculpiam. Algumas formas de arte, como o ikebana (arte dos arranjos florais), também eram consideradas por eles artes marciais, porque trabalham a mente e as mãos.
O perído dos Shogunatos (Shogun - "General") foi marcado por conflitos sangrentos.
O objetivo do governo central, representado pelo Shogun, era unificar o país. O dos daimyo
era defender a sua independência em relação ao Shogun. A maior batalha foi, provavelmente, a de Sekigahara, em 1600. Em seis horas de confronto, morreram 35000 homens só do lado derrotado. Pode não parecer um grande número para quem vive em uma era como a nossa, em que o assassinato em massa é um recurso cada vez mais acessível a qualquer imbecil. Mas é uma formidável carnificina para um tempo em que as lutas aconteciam homem a homem, olho no olho, lâmina contra lâmina.
           

          O padrão de conduta dos samurais foi reforçado no terceiro Shogunato, conhecido como Era Tokugawa, quando o Japão foi finalmente unificado. ali os samurais viveram seu auge e também a sua derrocada. Valorizados pelo desempenho nas batalhas de unificação, eles consolidaram a imagem de heróis valorosos e destemidos. Ao mesmo tempo, com as reformas administrativas e o início da da pacificação no país, a maioria deles perdeu o emprego. O que se viu foi uma grande quantidade de samurais peregrinando pelo país, à procura de um novo senhor ou então trabalhando temporariamente para diversos senhores, tornaram-se ronin. Sem recursos financeiros, vários clãs de desfizeram. Alguns guerreiros foram fazer outra coisa: trabalhar na reforma de castelos, viraram calígrafos, escultores, mestres da cerimônia do chá. Outros continuaram investindo na arte de guerra.
Houve um crescimento dos duelos e, com a ausência de guerras, eles se acentuaram. Isso porque umas das formas de aperfeiçoar a própria arte, era desafiando componentes de outro clã. Após os duelos, quem decidia se o perdedor ia morrer ou não era o vencedor. Mas isso implicava em outro problema. O descendente direto da casa desafiada sentia a honra da sua família ofendida com o duelo perdido e desafiava o vencedor, criando assim uma seqüência praticamente interminável de duelos entre famílias e linhagens. Em não muito tempo, os duelos foram severamente reprimidos pelo governo central. sem guerras e sem poder duelar, os samurais começaram a escassear. A Era Tokugawa e o Shogunato acabaram em 1868, com a concentração do poder na família imperial e a abertura do Japão para o resto do mundo.


Enquanto o país se modernizava rapidamente, alguns hábitos se pulverizavam. Tanto que o poderoso Shogun Tokugawa ao ser derrotado, não praticou seppuku para defender a própria honra. Pediu clemência e ganhou assilo em uma pequena província onde se dedicou à produção de bicicletas.
Com a abertura dos portos, começou a entrar no Japão uma grande quantidade de armas de fogo. O governo, já instalado em Tóquio, organizou um exército nacional institucionalizado. A espada já não tinha mais utilidade como arma de guerra. Nem os samurais tinham mais espaço como guerreiros. No início do século XX, eclodiram revoltas regionais de samurais, que viam sua classe ameaçada. Até que o governo declarou o fim da casta e proibiu que as pessoas andassem com espadas na rua.
Várias dessas espadas foram destruídas e outras, guardadas como objetos de decoração. Pouco mais de meio século depois, a tradição dos samurais sofreu novo e duro golpe. Com a derrota do Japão na Segunda Guerra e a dominação americana, todas as armas do país foram confiscadas, inclusive as espadas de samurais que vinham sendo passadas de geração em geração durante séculos. Na década de 60, parte dessas espadas foram devolvidas às famílias. A maioria, no entanto, acabou sendo destruída.

Cotidiano do Samurai

Agora que já temos uma noção geral do que era o samurai, vamos saber agora um pouco mais sobre a sua estrutura familiar. A criança Samurai Todo samurai considera ponto de honra ele próprio cuidar da educação de seus filhos, com a indispensável ajuda de sua esposa. A educação que a criança recebe por seus pais tem por finalidade moldar suas almas com os princípios da classe guerreira, tais quais: lealdade e devoção ao senhor, coragem, auto-disciplina e destemor da morte, para que assim os filhos do samurai se tornem dignos de seu nome.
Desde os 5 anos de idade as crianças já aprendem a manejar o arco e flecha, atirando contra alvos ou em caçadas, sobre orientação paterna. Posteriormente treinam também a
equitação - indispensável ao samurai.
A educação possuía 2 ramos essenciais: 1 - Escrita chinesa e conhecimento de clássicos japoneses e chineses. 2 - Manejo de armas. Aos 10 anos de idade, a criança ficava durante 4 ou 5 anos recebendo educação intensiva. Isso consistia no treinamento da caligrafia, matérias gerais e exercícios físicos. A noite era reservada para a poesia e a música (os samurai tocavam o Shakuhachi, a flauta de bambu japonesa).
Aos 15 anos, o samurai é reconhecido como adulto. Nessa idade ele passa pela cerimônia do gempuku, através da qual é confirmada sua nova condição adulta. A partir daí ele passa a portar também duas espadas à cintura e tem de obedecer ao bushido. Há também uma mudança em sua aparência, tanto no penteado como na forma de vestir-se.

A mulher do Samurai

            Na classe dos bushi, a mulher ocupa importantes funções, apesar de não possuir autoridade absoluta. Tem de cuidar da cozinha e das roupas de todos os membros da casa.
Além disso, tem importante papel na educação das crianças: sua obrigação é incutir na mente das crianças os ideais da classe samurai e princípios básicos do budismo e confucionismo. Toda a educação dos filhos é supervisionada pelo marido.
Quando o samurai não se encontrava em casa, o que acontecia com freqüência, a mulher assumia o controle do lar. Isso incluía, além dos trabalhos domésticos, a defesa do lar. Em tempos de guerra, se a casa do samurai fosse atacada, a mulher tinha por função defendêla com as próprias mãos, usando uma espécie de lança denominada naginata (alabarda).
Tal qual o samurai servindo ao seu senhor (daimyo), a mulher também tinha de servir ao seu marido, sendo fiel e compenetrada em suas funções. Crônicas de guerra da época nos
contam sobre mulheres de samurai que, na defesa de seus lares, empunham armas, atiram com arcos e até mesmo acompanham os seus maridos em campos de batalha. Isso demonstra que elas possuíam grande sagacidade e coragem.
Apesar de todas essas funções ditas "masculinas", a mulher do samurai não perde a sua feminilidade e vaidade. Cuidam com muito carinho de sua aparência; gostam de manter a pele clara, arrancam sobrancelhas, vestem-se com luxo e usam de cosméticos, tais quais o batom e o pó-de-arroz. Também era hábito das mulheres casadas pintar os dentes de preto.

O casamento

Como em muitas outras culturas, o casamento era tratado mais como uma união de interesses do que propriamente uma união amorosa. Prova disso é que ele muitas vezes era arranjado pelos pais, mas com o consentimento dos jovens. Segundo velhos costumes, muitas vezes as preliminares eram confiadas a um intermediário.
         No caso da mulher do samurai ser estéril, o marido tem por direito uma segunda esposa, para que esta possa lhe dar descendentes. A partir do século XV esse costume vai desaparecendo, prevalecendo assim a monogamia. Na ausência de um herdeiro o samurai
adota um filho, de um parente ou genro.